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Serena Tempestade

 Aos desavisados de plantão, um aviso sintetizado no título do primeiro texto deste livro: “Eu não sou musa, sou poeta”.

Assim, com palavras diretas, sem delongas, a moça se expõe a quem vai caminhar pelos cenários de sentimentos erigidos por ela em linhas apaixonadas, acomodadas nos poemas. Não esperem por mulheres diáfanas, olhares distraídos, almas frágeis como hastes vergando ao vento, desmaiando em versos.

 Despudorada, terrena, ela é toda nudez, traz à tona o que era silêncio, emenda vozes torturadas e mudas, falas iluminadas, felizes, por vezes tontas, febris, esquecidas. Confissões eivadas de paixão, sem dúvida, mas em climas amenos, sem acréscimo de elementos trágicos àquilo que por si só já é drama.

 Edra Moraes, a autora, recompõe sua presença em novo retrato neste “Para ler enquanto escolhe feijão”. O preparo sagrado do alimento e a comunhão com o etéreo da palavra. Encontro de vertentes abençoadas. Esse ir e vir, fenecer e reinaugurar-se é o movimento constante da existência, todas as tonalidades dando cor e brilho ao sentimento.

 Edra foi volúpia em seu livro inaugural “Da divina, da humana, da profana”. Nesta nova empreitada poética as confissões têm algo de etéreo e rude envolvidas numa delicadeza que gera fascínio, como se coberta por véus de intenções e recados. A gente até se esquece do feijão, seguindo os passos, as pistas, as delícias no contato com esse mundo complexo de abismos e alturas, porém jamais desabençoado.

 

Zeca Corrêa Leite

e, se não for amor, como eu me perdôo deste cio selvagem, desta exposição de entranhas, destas palavras ridículas .
edra moreas

 

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